Epilepsia e conscientização

por Clara Pires

A epilepsia é uma doença que atinge cerca de 65 milhões de pessoas no mundo todo. Estima-se que uma a cada cem possui a condição. Por ter a doença desde criança, o carioca Gustavo Leão criou o projeto “Falando de Epilepsia”, que busca desmistificar a doença no Brasil através do blog de mesmo nome, das redes sociais e de eventos informativos.

Embora ainda esteja mais centrado no Rio de Janeiro, com palestras em escolas, comunidades e instituições, a intenção é estender os eventos para universidades e mobilizar a sociedade de modo a conseguir divulgar a proposta em um grande evento para o dia mundial da epilepsia.

­- Nosso objetivo é alertar a população de todas as classes sociais sobre os procedimentos básicos, criar eventos, caminhadas e fazer uma campanha de conscientização em massa para sairmos do ostracismo.

Quando alguém tem um ataque epiléptico, é importante tentar levar a pessoa para um local mais calmo, colocando um travesseiro ou semelhante sob sua cabeça, tirando acessórios e afrouxando as roupas para maior conforto. Caso a crise dure menos do que cinco minutos, posicionar o indivíduo de lado quando ele parar de se movimentar. Se após o final do movimento, a pessoa não recuperar a consciência, é preciso chamar socorro médico imediatamente, informando se a pessoa perdeu a consciência e quanto tempo está durando ou durou o ataque. E embora seja muito comum a informação sobre segurar a língua da pessoa, isso é incorreto e nada deve ser colocado na boca dela.

Segundo Leão, ainda são muitos os estigmas que recaem sobre quem tem a condição, como: exclusão social, depressão, falta de oportunidade para conseguir emprego, falta de amparo social e governamental, etc. São situações que afetam a autoestima e provocam uma mudança na forma com que o indivíduo e as famílias convivem com o distúrbio. Mas, embora eles sejam mais um obstáculo a ser vencido, é possível que essas pessoas também tenham uma vida normal. Por isso, o projeto criou como slogan a frase “Epilepsia: juntos somos mais fortes”.

Com a medicação adequada, mais da metade das pessoas conseguem controlar as crises epilépticas, mas apenas cerca de 15% consegue se curar totalmente. Isso acontece mais facilmente com crianças que ao crescerem param de ter crises ou com aqueles que passam por cirurgia. No entanto, não é em todos os casos que a cirurgia é indicada.

De acordo com Gustavo Leão, cada caso é particular e por isso cada um deve respeitar as próprias limitações e aprender a escutar os sinais do corpo, sempre com o acompanhamento de um neurologista. O que funciona para um pode não funcionar para outro, mas mudança de hábitos, reeducação alimentar, dietas cetogênicas, simples caminhadas diárias, evitar se estressar e construir uma vida regrada são as melhores opções para melhorar o estilo e a qualidade de vida e conseguir lidar com a condição.

Os próximos passos do “Falando de Epilepsia” vão ser em outubro, com um evento de futebol no complexo da Rocinha e a participação de corredores com a frase “Epilepsia, eu corro por esta causa!”, na meia maratona do Rio de Janeiro.