Os efeitos nocivos da maconha e o gene AKT1

por Rodrigo Yacoub

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Pesquisadores da Universidade de Exeter e do UCL (University College London), no Reino Unido, identificaram um gene que pode ser usado para prever quão suscetível um jovem pode ser aos efeitos provocados no cérebro pela maconha. Entre estes, estão perda temporária de inteligência, ilusões, alucinações, perda temporária das noções de tempo e espaço e da coordenação motora. A descoberta pode ajudar a identificar os usuários saudáveis que têm maior risco de desenvolver psicose.

A pesquisa, financiada pelo Conselho de Pesquisa Médica e publicada na revista científica “Translational Psychiatry”, também mostra que as usuárias do sexo feminino são potencialmente mais suscetíveis à perda de memória de curto prazo do que os do sexo masculinos. Esse é o primeiro estudo a avaliar pessoas antes do uso da maconha, ou seja, é a análise de indivíduos saudáveis e sua resposta da exposição a droga.

Pesquisas anteriores já haviam encontrado uma ligação entre o gene AKT1 e as pessoas que passaram a desenvolver psicose. No novo estudo, Celia Morgan, professora de psicofarmacologia na Universidade de Exeter e a Profª Val Curran e sua equipe do UCL descobriram que jovens com variação no gene AKT1 experimentaram distorções visuais, paranoia e outros sintomas psicóticos mais fortemente quando estavam sob a influência de maconha.

Cerca de 1% dos usuários de maconha desenvolvem psicose. Embora o percentual seja baixo, o impacto pode ser de grandes proporções. Sabe-se que fumar maconha diariamente duplica o risco de um indivíduo desenvolver uma desordem psicótica, mas tem sido difícil estabelecer quem é mais vulnerável. Pesquisadores já haviam encontrado uma alta prevalência de uma variante do genótipo AKT1 em consumidores de maconha que passaram a desenvolver psicose como resultado do uso da erva. Esta é a primeira pesquisa que mostra a ligação entre o mesmo gene e os efeitos da maconha fumada por jovens saudáveis.

O estudo envolveu 442 jovens consumidores de maconha que foram testados sob a influência da droga e depois sóbrios. O objetivo agora é que a pesquisa vá ajudar a identificar aqueles com maior risco de sofrer os efeitos negativos do consumo de maconha e possa auxiliar no desenvolvimento de medicação focada em genótipo.

Como parte do estudo, os pesquisadores ganharam a permissão das autoridades para analisar amostras de maconha para avaliar sua formulação e sua potência. As amostras foram deixadas em uma delegacia de polícia e analisadas pelo serviço de ciência forense.