Atualizações da SBI sobre a COVID-19

por Isabelle Bernardes

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Após um ano que foi identificado pela primeira vez a doença respiratória aguda causada pelo coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV-2) em Wuhan, na província de Hubei, República Popular da China, em 1 de dezembro de 2019, o mundo segue na luta para combater esse vírus.

No atual momento da pandemia, todos os pacientes com sintomas de “resfriado ou gripe” podem ter COVID-19 e devem ficar imediatamente em isolamento respiratório, e devem procurar atendimento médico por consulta presencial ou por teleconsulta. Pacientes sintomáticos com suspeita de COVID-19 devem ser submetidos preferencialmente ao exame de RT-PCR, com material coletado da nasofaringe por swab, idealmente na 1ª semana de sintomas. Esse exame tem 60% a 80% de sensibilidade. Se o resultado for positivo para COVID-19, confirma o diagnóstico, já que resultados falso-positivos são raros (especificidade de 99% ou mais). Se o resultado for negativo, mas a suspeita clínica for forte, o paciente também deve completar 10 dias de isolamento respiratório, já que o RT-PCR pode ser falso negativo.

Em documento oficial publicado no dia 09 de dezembro, a Sociedade Brasileira de infectologia (SBI) publicou algumas atualizações e recomendações sobre a COVID-19 para serem seguidas por médicos e pela população em geral.

Pessoas que fazem parte do grupo de risco, ou seja, possuem mais de 60 anos e/ou possuem doenças crônicas como diabetes, insuficiência cardíaca, enfisema pulmonar, imunodeprimidos, insuficiência renal crônica e obesidade necessitam monitorar a progressão da doença em seu organismo. É recomendado que para auxiliar na detecção precoce dos sinais de hipóxia (falta de oxigênio), os pacientes se monitorem através da oximetria digital (exame com o aparelho oxímetro no dedo) diariamente. Foi observado em muitos casos a hipóxia silenciosa, ou seja, que não causa sintomas no paciente e acaba agravando o caso.

De acordo com a SBI, a pneumonia com hipóxia (oximetria digital com saturação de oxigênio menor que 95%) geralmente ocorre ao redor do 7º dia de sintomas (entre o 5º e o 9º dia) na maioria dos pacientes.  Ao detectar esta pneumonia com hipóxia, o que ocorre em geral, quando o comprometimento pulmonar é igual ou superior a 50%, o tratamento hospitalar com oxigenioterapia, dexametasona (corticoide) e heparina (anticoagulante) profilático fará com que a maioria dos pacientes evolua bem e sem necessidade de ventilação mecânica (respirador) na UTI.

A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) não recomenda tratamento farmacológico precoce para COVID-19 com qualquer medicamento (cloroquina, hidroxicloroquina, ivermectina, azitromicina, nitazoxanida, corticoide, zinco, vitaminas, anticoagulante, ozônio por via retal, dióxido de cloro). Segundo a SBI, não existe comprovação científica de que esses medicamentos sejam eficazes contra a COVID-19, visto que os estudos clínicos randomizados com grupo controle existentes até o momento não mostraram benefício e, além disso, alguns destes medicamentos podem causar efeitos colaterais.  

A recomendação de organismos sanitários nacionais e internacionais, como: Sociedade de Infectologia dos EUA (IDSA) e da Europa (ESCMID), Organização Mundial da Saúde (OMS) e Agência Nacional de Vigilância do Ministério da Saúde do Brasil (ANVISA) é de que na fase inicial da doença, os pacientes devem receber medicamentos sintomáticos, como analgésicos e antitérmicos, como paracetamol e/ou dipirona.

Pessoas que tiveram contato de alto risco com paciente com COVID-19, são chamados de contatantes próximos, que são as pessoas que tiveram proximidade com pacientes com suspeita ou COVID-19 confirmada sem máscaras, por 15 minutos ou mais e a uma distância menor de 1,8 metro (CDC) também devem ficar em isolamento respiratório por 10 a 14 dias (período máximo de incubação). A recomendação é de que o médico avalie o tipo de contato para avaliar a necessidade de testes diagnósticos e acompanhamento.

O período de incubação da COVID-19, na maioria dos casos, é entre 2 e 5 dias, podendo chegar a 14 dias. A estratégia para os contatantes próximos que permanecem assintomáticos , recomendada pela SBI, é de realizar RT-PCR nasal colhido entre 6 e 8 dias depois do último contato. Se o resultado for positivo, o indivíduo deve ficar 10 dias em isolamento respiratório, contados a partir da data do exame. Se o RT-PCR for negativo, poderá sair do isolamento respiratório em 7 dias, contados a partir da data do último contato, mantendo as medidas preventivas.

Medidas de prevenção:

·        Uso de máscara

·        Distanciamento físico de 1,5 metro

·        Higienização frequente das mãos com água e sabão ou álcool gel a 70%

·        Não participar de aglomerações, como reuniões, festas de confraternização em bares e restaurantes

·        Manter ambientes ventilados / arejados

·        Paciente com sintomas de “resfriado” ou “gripe” deve ficar imediatamente em isolamento respiratório, pois pode ser COVID-19.

Utilização de máscara por crianças:

Crianças com 5 anos ou menos não devem ser obrigadas a usar máscaras. Caso a criança se sinta confortável com a utilização da máscara é permitida a utilização.

Crianças de 6 a 11 anos devem utilizar máscara nos seguintes casos:

 - Se há transmissão generalizada na área onde a criança mora.

- Se a criança tem capacidade de usar uma máscara de forma segura e adequada, ou seja, acesso a máscaras limpas e possíveis de substituição ao longo do dia.

- Em casos de interações específicas com pessoas que possuem alto risco de desenvolver doenças graves, como idosos e pessoas com outras condições de saúde subjacentes.

Crianças com 12 anos ou mais devem usar máscara nas mesmas condições que os adultos, principalmente quando não podem garantir uma distância de pelo menos 1 metro de outras pessoas e há transmissão generalizada na área.

Recomendações para as festas de fim de ano:

A Organização Mundial de Saúde aconselha que sejam evitados grandes encontros durante a pandemia e mesmo as reuniões menores, dentro de casa, podem ser arriscadas, pois reúnem grupos de pessoas, jovens e idosas, de diferentes famílias, que podem não estar aderindo às mesmas medidas de prevenção.

O órgão de saúde sugere que os encontros sejam realizados ao ar livre sempre que possível e os participantes devem usar máscaras e manter distância física. Se forem realizados em ambientes fechados, é importante limitar o tamanho do grupo e escolher áreas bem ventiladas para ajudar a reduzir a exposição.

 

Fonte:

 https://infectologia.org.br/wp-content/uploads/2020/12/atualizacoes-e-recomendacoes-covid-19.pdf

https://coronavirus.saude.gov.br/sobre-a-doenca