Como funciona a comunicação em pessoas autistas?

Por Nicole Rangel Correia

A fonoaudióloga e professora Kátia Badin fala sobre diagnóstico diferencial no autismo e atrasos na linguagem. 

Segundo a doutora, muitos indivíduos autistas podem encontrar dificuldades comunicacionais. 

“Comunicação engloba todos os pré-requisitos que são fundamentais para um indivíduo se comunicar”. O olhar, por exemplo, é uma forma significativa de comunicação. No caso das pessoas autistas, a ausência da “fluência” no olhar é uma característica comum, afetando a clareza de sua comunicação. 

Durante palestra realizada na Casa da Medicina da PUC-Rio, a fonoaudióloga citou exemplos de características em crianças com TEA como a falta de expressões calorosas (sorriso e riso), falta de comportamentos adaptativos motores, aversão ao toque e a não apropriação de regras sociais compartilhadas (como a imitação generalizada, por exemplo).

 A orientação social é mais empobrecida no autista e seu déficit primordial é na comunicação.
— Dra. Kátia Badin

Autismo está associado a uma alteração comprometedora da comunicação: “a dificuldade de comunicação gera alterações na linguagem expressiva e na linguagem receptiva”. Apesar das características comuns mencionadas às pessoas com TEA, a doutora reforçou: “nós não temos uma homogeneidade no perfil de desempenho linguístico, interacional e comportamental (...). Uma criança com maiores prejuízos no comportamento não necessariamente terá também maiores prejuízos na comunicação, por exemplo”. 

A fonoaudióloga explicou que para desenvolver a linguagem é preciso pelo menos dois canais sensoriais integrados: “Se eu sou falante, preciso ter integração entre os sistemas auditivo e visual. Se sou surda, preciso da integração do visual e tátil, para aprender LIBRAS”. A linguagem é um sistema complexo combinatório (pois combina diferentes sentidos), de acordo com a palestrante. 

Ao final de sua palestra, a professora Katin Badin destacou: “nós não temos um modelo de intervenção que contemple plenamente um indivíduo autista. O que sabemos é que, quanto mais combinarmos programas de intervenção, mais resultados esse indivíduo pode ter.