Sinais precoces do Autismo

Por Nicole Rangel Correia

Quais sinais na criança devo me atentar para o Autismo? O que é preocupante ou não? 

A palestra “Sinais precoces no Autismo” no evento “Autismo nos dias de hoje: realidades e mitos” com a professora Gabriela Dias responde os questionamentos. 

A professora começou contextualizando a atual realidade clínica: “a maior parte dos pacientes da triagem já vem ou com diagnóstico ou com suspeita de autismo”. Nesse sentido, Gabriela Dias destacou como a evidência midiática tem feito a diferença, reverberando em um maior conhecimento da população sobre o assunto. Segundo a psiquiatra, a busca pelo médico e a razão de encaminhamento já mudaram muito, já que hoje em dia as pessoas têm informações prévias sobre o diagnóstico ou suspeita de autismo na criança. 

“O espectro autista é um Transtorno do neurodesenvolvimento, por isso a importância da identificação precoce”, explicou a professora, que também ressaltou  que o diagnóstico na idade precoce é difícil, especialmente em uma época onde muitos diagnósticos de TDAH estão surgindo.

Apesar de recomendar a identificação precoce, a doutora tranquilizou os pais que estão preocupados por ainda não terem um diagnóstico para seus filhos com mais de 5 ou 6 anos: “sim, quanto mais cedo, melhor. Mas existe um resultado positivo em qualquer momento a partir do diagnóstico, independentemente da idade em que a criança é diagnosticada.”

De acordo com Gabriela, a observação ao comportamento da criança é fundamental, pois, em casos suspeitos, o rastreio deve ser feito aos 16 meses. A suspeita é gerada a partir de alguns sinais, como dificuldades na fala ou histórico familiar (irmão com autismo).

Dentre os sinais citados pela professora (e a idade correspondente) estão crianças que:

  • evitam o contato visual ou não respondem ao nome (9 meses);

  • não demonstram as expressões faciais básicas (9 meses);

  • não jogam jogos interativos simples (12 meses);

  • fazem poucos ou nenhum gesto (12 meses);

  • não compartilham interesses com outras pessoas (15 meses);

  • não percebem quando as pessoas estão chateadas, magoadas (2 anos);

  • não percebem outras crianças ou não se juntam a elas em brincadeiras, não brincam de “faz de conta”, não cantam, dançam ou atuam (5 anos). 

Além disso, a doutora destacou que seletividade alimentar, problemas gastrointestinais, questões de humor e falta ou excesso de medo são sinais que apontam para o Autismo. Gabriela ressaltou que alguns sinais isolados não significam autismo:

Atraso na fala não necessariamente indica TEA.
— Professora Gabriela Dias

Com a intervenção precoce, há possibilidade de mudar a trajetória de desenvolvimento dessa criança, melhorando sua qualidade de vida.

A professora reforçou que o diagnóstico não pode e nem deve ser feito de forma apressada, porque demanda tempo, cuidado e avaliação multidisciplinar. Os riscos e cuidados da intervenção precoce não deixaram de ser mencionados: rótulos, estigmas (afeta a autoestima e interações sociais na criança) e diagnósticos equivocados e excessivos.