SEGURANÇA DO PACIENTE

PERGUNTAS FREQUENTES

 
 
  • Como proceder quando o leito do paciente está quebrado, sem grade de proteção, o paciente tem alto risco de queda e é desorientado?

    Pergunta feita por Natasha Popoire

    As questões que seguem abaixo irão ajudar a refletir a respeito da pergunta, que parece ser simples e, possivelmente, geraria uma resposta simples. Mas ela aponta na realidade para diversos aspectos do cuidado que envolvem o paciente, a equipe de cuidados e gestão dos processos de trabalho que se entrecruzam e trazem a complexidade do desenvolvimento e oferta das práticas seguras.

    1. Qual a quantidade de leitos, na unidade, que se encontram nas condições descritas acima?

    Os que se encontram em condições inadequadas (são retirados de uso até que se realize o reparo e sejam liberados pela área responsável)? Avaliar as condições dos equipamentos envolvidos no cuidado direto e indireto aos pacientes é um dos papéis do serviço de saúde e um setor deve ser designado para tal e executar as ações necessárias;

    2. Existe em sua unidade um Núcleo de Segurança do Paciente (NSP)?

    Fazer o mapeamento e a gestão dos riscos (veja o vídeo da pergunta 4 desta seção: Perguntas e Respostas) e construir o Plano de Segurança do Paciente (veja os vídeos 4 e 5 desta seção: Perguntas e Respostas) que define as ações que serão executadas no ano vigente para reduzir os riscos, promover práticas seguras e monitorar sua execução são de responsabilidade do NSP. Alertamos aqui que as ações para lidar com problemas que envolvem risco grave não devem ser tomadas isoladamente por um indivíduo e sim por uma equipe que tenha por base e orientação a média liderança ou NSP;

    3. As condições que geram risco são informadas em sua unidade? Para quem?

    Voltamos novamente a questão do gerenciamento de risco, as lideranças envolvidas. Apontamos também a necessidade de criação e cumprimento de Procedimentos Operacionais Padronizados/Padrão, os conhecidos POPs. Problemas não se resolvem somente no momento em que ocorrem como apontamos acima, problemas que surgem no cuidado ao paciente geralmente não são simples como aparentam e a segurança do paciente nos mostra ser urgente a implementação dos protocolos relacionados as Metas Internacionais e a prevenção do risco de quedas é um deles (veja o vídeo 5 desta seção: Perguntas e Respostas);

    4. Qual a equipe que cuida este paciente? Há farmacêutico clínico envolvido na discussão e definição do cuidado a ser oferecido?

    A responsabilidade pelos pacientes deve ser de uma equipe de referência. O surgimento de situações que fogem ao cenário comum possibilita que a equipe de cuidado lance mão do conhecimento de especialistas existentes dentro ou fora da unidade.

  • As metas de seguranças internacionais abrange os eventos adversos dentro do padrão nacional?

    Pergunta feita por Jaime Duques

    As Metas Internacionais de Segurança do Paciente foram criadas em 2005 pela Joint Commission, uma organização responsável pela maioria das acreditações (método de certificação que assegura a qualidade e a segurança em instituições de saúde) nos Estados Unidos. Como essa organização estava começando a certificar instituições fora daquele país, utilizou essa nomenclatura para atender a todas as organizações em que ela trabalhasse.

    A seguir, as Metas Internacionais foram incorporadas pela Organização Mundial da Saúde. Em 2013 foi lançado pelo Ministério da Saúde o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), tendo como objetivo geral contribuir para a qualificação do cuidado em todos os estabelecimentos de saúde em território nacional.

    No mesmo ano a ANVISA publicou a Resolução (RDC36), que institui ações para a promoção da segurança do paciente e melhoria da qualidade nos serviços de saúde, como medida integrante do PNSP. Os Protocolos Básicos de Segurança do Paciente foram criados após o lançamento do PNSP. Eles se assemelham às Metas Internacionais e estão adaptados à realidade brasileira.

    A Prevenção de Lesão Por Pressão (LPP), por exemplo, não está entre as Metas Internacionais, mas foi incluído como Protocolo Básico devido ao grande número de pacientes que desenvolvem LPP no nosso país durante o período de internação.

    Os Eventos Adversos, que tem como definição: incidente que resulta em dano à saúde, abrangem várias práticas e processos de trabalho dentro de uma organização. Eles vão além das práticas definidas pelas Metas e pelos Protocolos Básicos. Mas seguramente esses são o ponto de partida na construção de protocolos de segurança em qualquer instituição, pois as causas dos maiores eventos que ocorrem no mundo estão ligados a essas questões. Para que eventos não ocorram ou para minimizar seus impactos, as instituições precisam identificar, analisar, avaliar e tratar os riscos existentes. Para que todos esses processos aconteçam de forma organizada, é fundamental que a instituição tenha um Núcleo de Segurança do Paciente (NSP).

  • Qual a melhor maneira de implementar essas normas de seguranças nas equipes?

    Pergunta feita por Jaime Duques

    O Programa Nacional de Segurança do Paciente é o suporte legal para garantir a obrigatoriedade da implantação e implementação das práticas seguras em todos as unidades de saúde do território nacional. A Resolução Colegiada RDC nº 036 regula a forma como deve ser executada instituindo a gestão de risco como meio, a criação do Núcleo de Segurança do Paciente (NSP) como a instância legal responsável pela articulação e integração dos processos de trabalho sejam da gestão de risco, da implementação das práticas seguras e seu monitoramento (vídeo da pergunta 1).

    O Plano de Segurança do Paciente, plano de ação estratégico a ser construído pelos componentes do NSP e implementado por esta equipe tem de conter todos os itens acimas mencionados (vídeo da pergunta 3).

    Como norteador para a execução desta tarefa temos as Metas internacionais estabelecidas pela Organização Mundial de saúde – OMS (vídeo da pergunta 5).

    A melhor maneira de implementar as práticas seguras é aquela que é possível de ser executada pela equipe multiprofissional que constitui o NSP do seu serviço. Cada serviço tem um perfil especifico somado ao grupo de profissionais que lhe caracterizam com o conhecimento técnico que lhes é inerente e com certeza o seu serviço não foge a esta regra.

    Este conjunto que caracteriza cada serviço gera necessidades e demandas peculiares a sua conformação e o Plano de Segurança do Paciente deve levar em conta todos esses aspectos, com as suas potencialidades e limitações. O melhor caminho a ser seguido é o caminho do cada um pode fazer dentro do seu melhor, mas tendo em mente que a melhoria da cultura de Segurança do Paciente (veja vídeo da pergunta 1) envolve TODOS os profissionais do serviço. O NSP constrói o PSP e orquestra a sua execução envolvendo desde o maqueiro até o Diretor Geral da unidade e com informações, conhecimento e responsabilidades compatíveis a função exercida. As “normas de segurança” são responsabilidade de todos de acordo com o grau de governabilidade, ou seja, capacidade e responsabilidade de execução.

    Há inúmeras técnicas, ferramentas e métodos disponíveis para promover a interação e o envolvimento das equipes em direção as boas práticas e práticas seguras. Eles devem ser identificados, apreendidos e utilizados de acordo o perfil e conformação de cada serviço.

  • A Classificação de Risco muda as portas de entrada das Unidades ?

    Pergunta feita por Irineia Sant’anna Rosa

    Certamente, pois temos um cenário onde a demanda é maior que a capacidade de atendimento. Sabemos que uma boa parte dos indivíduos que procuram as emergências não está em estado grave ou não necessita de atendimento imediato. Mas precisamos pensar nos inúmeros casos de pacientes que morrem na recepção destas aguardando por assistência.

    Os protocolos existentes e mais bem aceitos foram construídos estabelecendo critérios validados e confiáveis e têm a finalidade de possibilitar aos profissionais segurança e objetividade no momento da avaliação Por ser um instrumento efetivo e reconhecido, traz segurança para os pacientes, que quando estão em situação de emergência têm seu atendimento priorizado, e para os profissionais, que ao seguir o protocolo de forma sistemática, ficam respaldados quanto à avaliação realizada. Além disso, estabelecer a classificação de risco possibilita a criação de fluxos de atendimento.

    Esses fluxos podem promover a otimização dos recursos humanos e dos gastos da instituição, como também definir áreas exclusivas e diferenciadas para atendimentos específicos, diminuindo o risco de exposição a determinadas doenças. No entanto, é necessário que os pacientes se sintam seguros quanto à avaliação que está sendo feita. Para isso, além de atendimento humanizado, o conhecimento técnico é fundamental.

    Os profissionais que atuam na classificação de risco devem conhecer profundamente o protocolo adotado, segui-lo de maneira fiel, levando em consideração seus pontos críticos. Discussões dos casos avaliados são importantes entre os profissionais envolvidos, avaliando o cumprimento e eficácia do atendimento e seu impacto na assistência prestada.

  • Por onde começar o mapeamento e a gestão de riscos ?

    Pergunta feita por Karolina Araújo

    Ter o objetivo do mapeamento e da gestão de risco em mente situa o profissional qual o caminho a trilhar e que oportunidades explorar. Evitar danos desnecessários é o fundamento de todo o mapeamento e gerenciamento de risco. Identificar os riscos e se antecipar a sua ocorrência criando barreiras ou estabelecendo processos de trabalho que evitem a ocorrência destes incidentes é a forma proativa de ação.

    Neste caso todos os ambientes, setores e espaços dos serviços devem ser analisados, ou seja, mapeados quanto aos possíveis riscos ocasionados pelos: a) insumos e tecnologias utilizados ou ausentes;

    b) disposição ou ausência de mobiliário e utensílios;

    c) estrutura física dos espaços e verificação se está adequados as Resoluções (RDCs) da Vigilância Sanitária como, por exemplo, a RDC nº 50;

    d) adequação do RH em quantidade e conhecimento técnico para os tipos de serviços prestados;

    e) dentre outros relacionados a atividades especificas realizadas no ambiente a ser avaliado.

    Os protocolos de segurança do paciente do Ministério da Saúde construídos com base nas Metas Internacionais de Segurança do Paciente da Organização Mundial de Saúde (OMS) podem ser utilizados inicialmente para fazer este rastreio dos fatores predisponentes, como também podem ser a fonte para a criação de ferramentas para mapeamento dos riscos.

    Analisar as causas dos incidentes que já aconteceram e criar ações ou processos de trabalho para evitar que eles ocorram novamente são denominadas de ações reativas. Geralmente acontecem mediante a ocorrência de um Evento Adverso (EA) quando um grupo de profissionais sob os auspícios da Gerencia de Risco ou do Núcleo de Segurança do Paciente reúne o grupo de profissionais envolvidos ou relacionados ao EA e especialistas do serviço que possuam conhecimento técnico na temática ou área envolvida.

    Ferramentas para análise dos EAs são utilizadas. Dentre as mais comuns temos: a) Diagrama de Causa e Efeito ou Ishikawa ou Espinha de Peixe;

    b) FMEA;

    c) Protocolo de Londres.

    Ações proativas e reativas devem caminhar lado a lado tanto no mapeamento como na gestão de risco. Conhecer o perfil da organização, suas características, como ela se estrutura está claramente delineado no vídeo 4 da seção Perguntas e Respostas. Não deixe de ver é muito elucidativo.

    Por não ser possível reduzir todos os riscos de uma só vez é necessário voltar-se para aqueles que são mais críticos, ou seja, com potencial maior de dano. Mas dentro deste contexto também deve se levar em conta as condições organizacionais para a criação de barreiras necessárias e possíveis.

    O papel do NSP dentro deste processo também é apontado no vídeo acima referido.

  • Como planejar a segurança do paciente pós covid?

    Pergunta feita por Isis Costa

  • Como construir o núcleo de segurança do paciente?

    Pergunta feita por Jane Monteiro Neves

    É preciso ter em mente o objetivo legal e técnico para a construção do Núcleo de Segurança do Paciente para melhor lhe direcionar. É necessário atender o aspecto legal e primeiramente, em conjunto com a Alta Liderança da sua unidade, escolher os membros que irão compor o NSP. Neste momento inaugural já estão entrelaçados os aspectos técnicos e legais.

    Estes membros têm de ser nomeados e discriminados no Livro Ata do NSP e após a aprovação do cadastro do NSP pela ANVISA ser cadastrados com as funções de acesso ao portal. O cadastramento é realizado no Portal da ANVISA através do link https://www1.anvisa.gov.br/cadastramento/ e no primeiro momento é necessário ter um responsável legal, pessoa física designada oficialmente para representar interna e externamente a unidade e gestor de segurança, geralmente o coordenador ou presidente do NSP.

    O passo-a-passo deste processo pode ser obtido através link https://www.saude.rj.gov.br/comum/code/MostrarArquivo.php?C=NzA2Mg%2C%2C.

    Os aspectos técnicos para a construção do NSP são de suma importância e a escolha de seus componentes é a pedra angular para o seu bom funcionamento e cumprimento efetivo do papel que lhe é destinado. Não podemos esquecer que o núcleo é uma instância política, no que diz respeito à efetivação da implementação das práticas seguras, e transversal a todo o serviço. Por ter como uma de suas funções dar suporte a Alta Direção para tomadas de decisão, seus componentes devem ser lideranças que executem funções chave para o funcionamento da unidade.

    As coordenações dos serviços são os profissionais elegíveis para compor o NSP, tais como: coordenação da farmácia, centro cirúrgico, Centro ou Unidade de Terapia Intensiva, Comissão de Controle de Infecção, Núcleo Interno de Regulação, dentre outros. Também é importante e necessário que o NSP seja composto por profissionais de diversas especialidades, médicos, enfermeiros, farmacêuticos, administradores, o que permitirá troca de conhecimentos e experiências de profissionais com formações e visões da assistência diferenciadas e complementares.

    Ao contrário do que se possa imaginar esta conformação não trará acúmulo de funções ou sobrecarga de trabalho por permitir que as lideranças envolvidas possam discutir com propriedade e orquestrar soluções agregadoras aos problemas surgidos e construir de forma solidária o plano de ação e gestão de risco da unidade, o Plano de Segurança do Paciente (PSP).

    A co-responsabilização é inerente ao processo como também orientação e acompanhamento, com propriedade aos profissionais que estão sob o comando de cada uma das lideranças trazendo melhorias na comunicação entre profissionais sobre os seus processos de trabalho.