Máscara: o mais novo aliado para quem respira o ar da cidade grande

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por Rodrigo Yacoub

O uso de máscara pode reduzir o efeito nocivo da poluição na saúde cardíaca, de acordo com novo experimento do Núcleo de Insuficiência Cardíaca do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. O experimento, que contou com 26 participantes com insuficiência cardíaca e 15 participantes saudáveis, mostrou que usando uma máscara antipoeira – como as usadas por quem trabalha em obras e construções – pode reduzir consideravelmente os danos da poluição ao coração.

A poluição utilizada no experimento foi maior do que a recomendada pela Organização Mundial da Saúde, de 10 microgramas por metro cúbico, mas menor do que a encontrada em grandes centros urbanos, como São Paulo. Na cidade, a poluição chega a ser maior que o dobro do definido como tolerável pela OMS. A cidade lidera o ranking de cidades mais poluentes do Brasil, seguida pelo Rio de Janeiro, de acordo com dados expostos em pesquisa da USP.

Para avaliar o impacto da poluição no sistema cardiovascular, foram utilizadas mais de uma medida, entre elas, a função endotelial, relacionada aos batimentos cardíacos e o hormônio BNP, relacionado às falhas no sistema cardíaco. Os resultados da exposição à poluição sem máscara por menos de meia-hora foram suficientes para uma piora no coração dos participantes.

O estudo também concluiu que a poluição piora o desempenho físico tanto dos voluntários com doença cardíaca quanto dos indivíduos saudáveis. O experimento comparou os dados coletados após a exposição das cobaias a três situações de ambiente controlado: exposição ao ar limpo, ao ar poluído e ao ar poluído filtrado pela máscara.

O autor principal da pesquisa, o cardiologista Jefferson Luís Vieira, acredita que será difícil ver o brasileiro comum incorporando a máscara à rotina, como acontece no Japão, mas que ela será um aliado para os que sofrem de insuficiência cardíaca.