Será a água a próxima vítima da extinção?

por Rodrigo Yacoub

A água compõe mais da metade do planeta, mas apenas 0,3% pode ser utilizada. Com a poluição das fontes de água crescendo cada vez mais, essa porcentagem se torna cada vez menor. Um mapeamento do lixo oceânico no mundo constatou que 10% da produção anual de plástico foi parar no mar. Estima-se que, até 2055, 99% das aves marinhas terão ingerido lixo. A segunda principal causa de morte das tartarugas marinhas é a ingestão de resíduos sólidos, resultando na morte por doenças ou desnutrição. Ainda assim, não damos a devida atenção que a água e seus habitantes merecem.

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O nosso planeta é majoritariamente composto por água, mas 97,3% do líquido é salgado, ou seja, impróprio para uso. Com isso, sobram apenas 2,7% de água doce. Mas 2,4% estão em locais de difícil acesso, como geleiras e regiões subterrâneas, totalizando 0,3% para nossa utilização.

A água é essencial para a nossa vida – representa 70% da massa do corpo humano e seu consumo é fundamental para a sobrevivência do ser humano, dos outros animais e das plantas. Um dos recursos mais importantes, a água, desde os primórdios dos tempos, faz parte do nosso dia-a-dia. Ela tem papel fundamental na produção de alimentos, de energia e de bens industriais de diversos tipos. É o recurso mais importante para a vida na Terra. E ainda assim estamos entrando em escassez.

A poluição está presente na grande maioria das fontes de água do planeta: sejam lagos, rios, mares ou oceanos, o descaso e descuido humano gera cada vez consequências mais graves para o meio ambiente. De acordo com o grupo de pesquisa Race of Water, que dá uma volta ao mundo mapeando o lixo oceânico, os números se tornam cada vez mais preocupantes. São 250 mil toneladas de plástico em alto mar por ano.

Outra vítima da poluição é a fauna marinha. A estimativa é de que 99% das espécies de aves marinhas terão ingerido lixo em 2055, de acordo com relatório divulgado pelo Projeto Albatroz no Brasil. A segunda principal causa de morte das tartarugas marinhas, atrás da pesca ilegal, é a ingestão de resíduos sólidos pelos animais, resultando na morte por doenças ou desnutrição. O biólogo Daniel Rogério, do Projeto Tamar, em Florianópolis – que foca na reabilitação de animais com doenças ou capturados ilegalmente -  exemplifica com dados alarmantes: sua equipe já retirou mais de 3 mil pequenos pedaços de plástico do estômago de uma só tartaruga marinha morta.

Como se não bastasse, a poluição da água pode gerar ainda malefícios para os seres humanos: cólera, hepatite A, esquistossomose, leptospirose, diarreia infecciosa e febre tifoide são algumas das doenças que o contato com água contaminada e falta de condições de saneamento básico podem causar.

Hoje, 22 de março, Dia Mundial da Água, devemos criar conscientização na população e fazer um movimento proativo para a preservação deste recurso natural tão necessário para nossa existência. Reciclar, reduzir e reutilizar continuam sendo os aliados mais importantes da sociedade para diminuir o dano que causamos não só a água, mas ao meio-ambiente em geral.