Demência: prevenção e tratamento será um dos temas abordados no simpósio o Futuro da Medicina no Brasil e no Mundo

O melhor entendimento da fisiopatologia da doença de Alzheimer tem favorecido o desenvolvimento de novas drogas, mais eficazes, recentemente aprovadas pelo FDA, para modificar a sua evolução.

Em comemoração aos 70 anos da Medicina da PUC-Rio, o simpósio abordará, entre outros, um tema extremamente atual, não só na medicina, mas em todo o espectro do ser humano. Estamos falando da demência. Muito além da condição clínica, é importante não perder de vista todos os aspectos sociais e comportamentais que envolvem essa doença.

Abordando inicialmente o aspecto clínico da demência, esta é uma condição com critérios bem estabelecidos e distintas etiologias. As demências podem estar associadas a múltiplos diagnósticos clínicos, tais como distúrbios hormonais, hipovitaminoses, doenças infecciosas, tumorais, autoimunes, hereditárias e degenerativas.

Nas demências degenerativas, a mais frequente e a que tem maior impacto social, é a Doença de Alzheimer, que prepondera entre a população idosa, com um crescimento exponencial após os 80 anos de idade. Graças aos avanços da Medicina, a expectativa de vida tem tido um aumento significativo, até mesmo em países em vias de desenvolvimento, como é o caso do Brasil que, de acordo com a OMS, era de 59,94 anos, enquanto em 2023 é de 76,57 anos, devendo alcançar, em 2050, 81,3 anos.

É importante conhecer e diferenciar o envelhecimento fisiológico do patológico.

Pacientes e familiares precisam estar atentos à pequenas alterações de humor, comportamento, compreensão e de linguagem, mesmo sem vislumbrar um comprometimento de memória, a fim de oferecer um tratamento abrangente e não somente medicamentoso, desde as fases iniciais da doença. Nessa faixa etária é comum que os indivíduos não tenham mais uma rotina, não se exercitem, não se socializem, não tenham um sono reparador e não se exponham a atividades que propiciem a estimulação cognitiva, fatores que contribuem para uma piora na cognição. Reorganizar a rotina de vida diária é de fundamental importância.

Nos últimos anos as pesquisas na D. De Alzheimer avançaram enormemente. As primeiras medicações para o seu tratamento surgiram na década de 90. O melhor entendimento da sua fisiopatologia tem favorecido o desenvolvimento de novas drogas, mais eficazes, recentemente aprovadas pelo FDA para modificar a evolução da doença.

Os profissionais especializados em neurologia, geriatria e psiquiatria são parte de um pool multidisciplinar no atendimento aos pacientes com D. de Alzheimer.

Na Mesa Redonda sobre Demência, a neurologista, Profª Drª Maria Lucia Vellutini Pimentel discorrerá sobre a Doença de Alzheimer e o seu entendimento no século 21. O Prof. Dr. Roberto Alves Lourenço, geriatra, abordará o envelhecimento fisiológico e patológico e o Prof. Dr. Ricardo Ewbank Steffen, psiquiatra, apresentará a Doença de Alzheimer sob o prisma das alterações comportamentais, de humor e do sono. Esta Mesa terá como moderador o Dr. Filipe Tavares Gusman, geriatra e paliativista.

Temos motivos suficientes para assegurar uma discussão de excelência e muito produtiva.

*Texto escrito pelo Profa. Maria Lucia Vellutini Pimentel, Médica, Mestre e Doutora em Neurologia, Chefe do Serviço de Neurologia da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro e Coordenadora de Neurologia da PUC-Rio.