Por que cada vez mais jovens têm infartado?

Coordenador da pós-graduação de Cardiologia da PUC-Rio, Prof. Fernando Rangel, aponta principais motivos para o aumento de casos e como prevenir.

Por Cecília Quintella

 

A incidência de infartos entre pessoas mais novas está cada vez maior. Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, as taxas aumentaram 5% em homens entre 15 e 49 anos e 7,6% entre as mulheres do mesmo grupo etário. Os casos podem ser explicados tanto por fatores não modificáveis, como histórico familiar de doenças cardiovasculares, quanto por causas externas que incluem sedentarismo, alimentação inadequada e uso de drogas ilícitas. 

O coordenador de Cardiologia da PUC-Rio, Prof. Fernando Rangel, destaca que fatores contemporâneos da realidade vivida pelos jovens também influenciam nos riscos.

Professor Fernando Rangel, coordenador do curso de pós-graduação em Cardiologia da PUC-Rio.

 
Com o advento dos computadores, da informática, dos celulares, dos brinquedos eletrônicos, o jovem tem ficado mais tempo no computador, e com isso mais sedentário
— Prof. Fernando Rangel

Outra grande influência apontada pelo professor como explicação é o uso indevido de anabolizantes, esteróides e análogos de testosterona dos jovens em academias. Segundo o Valor Econômico e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a venda desses produtos cresceu em 670% entre 2020 e 2024. A comercialização para fins estéticos está proibida desde 2023 pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e o uso, quando necessário, deve ser feito apenas com prescrição médica. 

“É uma questão grande querer um aspecto corporal, com musculatura desenvolvida, em pessoas jovens que não têm doenças, que não têm distúrbios endocrinológicos, e usam isso de maneira recreativa. Esses anabolizantes, os derivados de testosterona, sintéticos ou não, são tóxicos ao aparelho cardiovascular, eles aumentam a incidência de trombose coronariana, infarto, AVC, aumentam as chances de arritmias cardíacas malignas e muitas outras complicações", enfatiza Rangel. 

Para além do uso de anabolizantes, os casos de obesidade também são um agravante. No Congresso Internacional de Obesidade 2024 foram apresentados dados preocupantes. As estimativas são de que em 20 anos, 48% dos jovens (mais de 18 anos) brasileiros estarão com obesidade e 27% sobrepeso. Além de que, a prevalência da doença no Brasil quase dobrou entre os anos de 2004 e 2019. 

De acordo com o Prof. Rangel, este aumento também tem a ver com uma maior chance de desenvolverem hipertensão a longo prazo, outro agente de risco para os infartos. “Também há a diabetes, que é outro fator de grande relevância. Assim como alterações de colesterol e triglicerídeos, fatores de risco tradicionais para infarto”, acrescentou. 

Com isso, a indicação é aplicar mudanças na rotina com o objetivo de corrigir os fatores de risco. Prof. Rangel indica a prática de exercícios regulares, alimentação tipo mediterrânea - consumo focado em origem vegetal e gorduras saudáveis, com a presença de frutas, vegetais, grãos integrais e azeite de oliva. Evitar cigarro e álcool em excesso, assim como manter uma vida familiar e afetiva saudável. 

Evitar o estresse emocional e poluição ambiental também pode impactar positivamente. O importante é buscar ter uma vida saudável. 


 

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