Suicídio entre jovens: é possível identificar e prevenir?

Por Maitê Branco Kroeber

“Quando você fala sobre o assunto você diminui a chance de ele acontecer”, disse o Dr. Ricardo Steffen em palestra sobre suicídio entre jovens durante a Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho (SIPAT), na PUC-Rio. O palestrante, que é coordenador do curso de especialização em Psiquiatria do Departamento de Medicina da Universidade, ressaltou a importância de comentar mais sobre o assunto sem banaliza-lo, de maneira consciente e responsável. 

Caracterizado principalmente pela ambivalência e intencionalidade, o suicídio é uma morte causada por alguma lesão auto infligida em que a pessoa - afetada pelo seu estado mental - não é capaz de acreditar na melhora de sua situação e opta por um caminho que acredita que acabará com a sua dor. “A lente com a qual ela enxerga o mundo é muito pessimista. A principal coisa que você pode fazer por alguém é mostrar para ela que aquilo não é pra sempre.” afirmou o especialista. 

De modo geral, 1 em cada 5 pessoas vão apresentar algum tipo de transtorno mental ao longo da vida, sendo 15% deles manifestados antes dos 24 anos, e onde, para cada morte, 20 pessoas apresentaram tentativa. Isso demonstra um espaço muito grande de intervenção, tendo em mente que depois da primeira tentativa a pessoa se torna muito mais provável a cometer uma segunda. 

Então, como podemos identificar e - principalmente - prevenir isso? De acordo com Steffen, se manter atento a comportamentos como sofrimento intenso, estados psicóticos, desesperança profunda, mudanças abruptas de comportamento e frases auto recriminatórias podem ajudar a identificar alguém que esteja precisando de ajuda. 

Além disso, prestar atenção em fatores que podem contribuir para essa decisão e dificultá-la, como razões econômicas, estigma dos pais, acessibilidade ao tratamento e  limitação de acesso a meios letais também podem fazer parte da conscientização sobre o assunto. Reconhecer, igualmente, a existência de um grande espectro de casos pode ajudar a compreender que não necessariamente a tentativa de suicídio será sempre algo pensado, contribuindo para uma cautela maior em relação ao assunto. 

Portanto, mesmo que a palestra tenha acontecido no mês de setembro, é importante que campanhas como a do Setembro Amarelo sejam contínuas, todos os meses do ano. Em uma sociedade em que se falar de prevenção do suicídio é raro, superar o estigma que cerca o assunto e se manter atento as pessoas ao seu redor é essencial.

Se você ou alguém próximo está passando por uma dificuldade, não hesite em procurar ajuda. O CVV também oferece suporte gratuito 24 horas por dia, basta ligar para o telefone 188 para conversar com um voluntário.